terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Tudo "dentro da lei"



Conta o "Correio da Manhã" que três irmãs, de cinco, sete e oito anos de idade, oriundas de uma família carenciada e com a mãe no desemprego, têm sido obrigadas a almoçar, primeiro na rua e, depois (ó grandeza de alma!, ó altruísmo!) já no átrio da escola, obrigadas a levar pratos e talheres de casa e separadas de todas as outras crianças, como represália por a família não ter pago uma alegada dívida à Associação de Pais.

Para o pai-presidente da referida Associação de Pais, está tudo nos conformes, que é como quem diz "está tudo [a humilhação diária de três crianças para forçar a família a pagar a alegada dívida] a ser feito dentro da lei". E provavelmente, que sei eu?, estará mesmo. E como "está tudo a ser feito dentro da lei", decerto o bom homem há-de dormir de consciência tranquila, convicto de que, quando o frio começar a abrir frieiras nas mãos das meninas ou alguma adoecer, pai e mãe não terão outro remédio senão pagar o que devem.

Do que pensarão do caso os por assim dizer responsáveis da EB 1 de Carvalhos de Figueiredo (Tomar) não reza a história e Nuno Crato e o seu Ministério da Educação estão ocupados de mais a distribuir 253,7 milhões de euros (12 milhões dos quais sem explicação) por colégios privados para se preocupar com três meninas pobres de uma escola pública de Tomar. Tudo "dentro da lei", que esta gente é muito respeitadora da lei e a moral não é para aqui chamada.

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