A morte de uma criança de uma escola de Mirandela, tudo indica que vítima de bullying, trouxe à luz do dia, da pior maneira, uma das situações de violência oculta mais comuns nas escolas portuguesas, caracterizada por actos de violência física ou psicológica praticados repetidamente por um indivíduo ou grupo sobre outros.
"Não apanho mais, vou atirar-me ao rio", terá dito Leandro antes de se lançar ao Tua.
Tinha 12 anos e era sistematicamente agredido por colegas.
Na escola, pelos vistos, ninguém deu por nada, apesar de notícias de que, há já um ano, Leandro recebera assistência hospitalar após mais uma agressão e de outras queixas de bullying entre alunos que agora a tragédia trouxe a público.
Sem poder disciplinar, sem pessoal, sem meios (ao contrário dos colégios privados para onde o ME canaliza os recursos que "poupa" no ensino público), as escolas pouco podem hoje contra a lei da selva dos recreios.
Aos Tribunais de Menores raramente chegam queixas de bullying e mais raramente vindas de escolas. E continua a não haver entre nós uma lei específica que proteja as vítimas e puna os agressores.
Manuel António Pina, JN de 2010-03.04
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