sábado, 2 de junho de 2012

Duas dúzias de perguntas que o País queria ver respondidas

FILOMENA MARTINS
(Filomena Martins - DN)


Na semana em que as autarquias conseguiram dinheiro que vão ter de cobrar aos munícipes. Em que Alberto João Jardim voltou a ignorar as instituições democráticas. Em que houve mais grandes casos da justiça envolvendo figuras de proa que acabaram prescritos ou arquivados. Em que se conheceram relatórios tão gravíssimos quanto inconsequentes do Tribunal de Contas que revelaram derrapagens e prejuízos desse monstro em que se tornou a boa ideia das PPP. E em que a oposição pareceu meio perdida enquanto o "caso secretas/Miguel Relvas" dominou a atualidade, o País ficou com muitas questões e outras tantas dúvidas. Para as quais não há respostas óbvias ou fáceis. Mas que são reveladoras de um estado para o qual não há resgate internacional que salve Portugal.
12 dúvidas no 'caso secretas/Miguel Relvas'
1. O anúncio do acordo com as autarquias, segunda-feira, foi o renascimento ou o canto do cisne de Miguel Relvas?
2. Vítor Gaspar foi facilmente convencido a deixar Miguel Relvas colher todos os louros desse acordo com as autarquias negociado pelo ministro das Finanças?



3. Onde tem andado Paulo Portas durante a maior crise do Governo e porque é que foi dos poucos membros do Governo a faltar à megaoperação de marketing de união governamental que levou ministros e secretários de Estado pelas escolas do País?
4. Como é que ninguém aconselhou Miguel Relvas a divulgar de uma vez todos os encontros e sms com Silva Carvalho para não pôr em causa a estratégia que Passos Coelho montou em sua defesa, decalcada da usada por Mourinho a defender jogadores como Pepe?
5. O primeiro-ministro, que se defendeu do que seria um tiro no porta-aviões governamental dando o peito às balas, teve consciência do risco de vida político que corre em caso de nova contradição?
6. Mesmo que a morte política de Relvas pareça de facto manifestamente exagerada, será que o ministro adjunto conseguirá hibernar, reduzir a lista de contactos, limitar a agenda e dar descanso aos telefones?
7. Porque é que até agora só se conhecem os jantares e as relações de Silva Carvalho com figuras do PSD e não se sabe qual era o relacionamento com políticos do PS por quem foi nomeado diretor do SIED e com quem saiu em rutura?
8. E quando a atualidade é marcada por casos envolvendo as secretas e a maçonaria, o que leva Rui Pereira a decidir escrever sobre Angela Merkel?
9. Qual a razão de o PS estar em serviços mínimos neste caso, como quem tem também amizades e irmandades a proteger ou telhados de vidro?
10. Que racionalidade existe na lei que permite aos espiões demitidos e exonerados por manifesto mau exercício de funções terem vagas abertas e manterem empregos na presidência do Conselho de Ministros?
11. O que é que fazem mesmo as nossas secretas, que meios usam e quem as controla?
12. O Europeu de futebol vai mesmo distrair dos problemas ou será agora que todo o sistema de informações será reestruturado?
12 questões sobre a política e a justiça caseiras
1. Como é que o CDS continua a ser o parceiro do PSD no Governo da República e o maior opositor de Alberto João Jardim na Madeira e não o PS?
2. O consulado de Jardim está mesmo a chegar ao fim e será interrompido por doença ou o presidente do Governo Regional vai continuar a desrespeitar as instituições democráticas?
3. Qual será o próximo movimento a aparecer de apoio a António Costa no PS, depois da Com AC, e o que farão para impugnar a revisão estatutária de Seguro que obriga Costa a ir a jogo no pior timing?
4. Porque é que não há um único Governo que seja que não se engane nas previsões do Orçamento?
5. Depois deste segundo lapso detetado pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental, qual o nível de desgaste que a imagem do rigoroso Vítor Gaspar suportará?
6. Que futuro tem um país em que mais de 36% dos jovens, os mais empreendedores e qualificados, estão sem emprego?
7. Para que servem, afinal, os relatórios e avisos do Tribunal de Contas, que em tempos Cavaco Silva chegou a considerar uma das maiores forças de bloqueio?
8. Alguém vai mesmo ser responsabilizado - além do bode expiatório Paulo Campos - por esconder ou mandar ocultar dados das PPP rodoviárias ao Tribunal de Contas?
9. Quem estragou a boa ideia de investimento que eram as PPP e lhes colou o rótulo da crónica falta de transparência nos negócios nacionais envolvendo o Estado?
10. Será que a Justiça que deixa Vale e Azevedo andar fugido vai mesmo conseguir condenar o presidente da Académica a pena efetiva ou o caso vai perder-se em recursos sucessivos como os de João Loureiro, José António Linhares, José Maria Salvado e Pimenta Machado?
11. A prescrição de casos como os de Isaltino Morais e Domingos Névoa, ou a absolvição de Fátima Felgueiras, apesar da fuga para o Brasil, são mesmo o espelho do estado da justiça portuguesa?
12. Como é que só agora alguém se lembrou de que não podem ser convocadas todas as testemunhas de um processo para o mesmo dia e hora e que não se podem realizar dois julgamentos do mesmo juiz ao mesmo tempo?

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