sábado, 31 de março de 2012

Debaixo do mesmo céu

sexta-feira, 30 de março de 2012

À procura ou a fugir?

quarta-feira, 28 de março de 2012

Morreu Millôr Fernandes







Colette Magny cantou-os chamando-lhes "les gens de la moyenne": "Os estudantes manifestaram-se,/ foram seviciados pela Polícia/ (..) em Lisboa, Portugal". Foi a 24 de Março de 1962, em plena ditadura, quando a Polícia de Choque atacou com grande violência estudantes que se manifestavam em Lisboa, dando origem à primeira das "crises académicas" (a segunda seria sete anos depois, em Coimbra) que abalaram os alicerces do regime salazarista.
Escreveu Marx que a História acontece como tragédia e se repete como farsa. 50 anos passados sobre esse episódio (e 38 anos sobre o 25 de Abril...), a Polícia de Choque mudou de nome para Corpo de Intervenção mas não parece ter mudado de métodos: violência e recurso a agentes provocadores para a justificar. E a ditadura é hoje uma farsa formalmente democrática - um "caos com urnas eleitorais", diria Borges - em que é suposto existirem direito à greve e à manifestação.

Quem viu na TV a imagem de um homem ensanguentado gritando "Liberdade! Liberdade!" em direcção à tropa do dr. Miguel Macedo que, como em 24 de Novembro último, espancou selvaticamente jovens que, em vez de acatarem o conselho do primeiro-ministro e emigrarem, se manifestaram na quinta-feira em Lisboa, não pode deixar de descobrir afinidades (até nas agressões a jornalistas e nos comunicados oficiais falando de "ordem e segurança" e culpando as vítimas) com o que aconteceu há 50 anos. E de inquietar-se.

terça-feira, 20 de março de 2012

Alta tensão! - Ordem para a ruína

 
 

* José Matias Alves

Vivemos tempos críticos. De uma incerteza, de uma errância, de uma deriva, de um desnorte aflitivo. Tempo maquinal. De uma desvinculação, de uma apatia, de uma resignação que será o nosso fim. Como professores agindo em organizações educativas de rosto humano. Como autores de novos mundos. Como geradores de esperança num futuro um pouco melhor.

Movimentos de agregação de escolas e agrupamentos à margem da lei, sem critério organizacional, pedagógico e educativo. Com o objetivo de cumprir uma meta vendida pelo governo de José Sócrates à troika. Em nome da racionalização de meios e de uma suposta e imaginária promoção da qualidade educativa. Na prática, e em termos gerais, significam a desistência da construção da escola como comunidade educativa e a instauração definitiva da balcanização, da anarquia organizada e da burocracia sem fim.

Incerteza quanto à rede escolar e tipologia de escolas. Fusões de agrupamentos, de escolas com agrupamentos, sem clarificação de critérios de gestão de rede territorial, com dupla tutela central e municipal num quadro altamente complexo de uma escolarização de 12 anos que pode ser uma bomba-relógio.

Definição insensata de instruções para exames e imposição de critérios políticos insustentáveis para a elaboração de provas, substituindo modismos, mudando regras a meio do jogo, intranquilizando alunos, professores, escolas e famílias e gerando o cenário propício para o caos (no Verão se verá e espero não ter razão).

Decisões polémicas, obscuras e insustentadas no caso da extinção administrativa dos Centros de Novas Oportunidades. Que parece ter sido determinada, mais uma vez, pela razão económica ou, pior, puramente contabilística.

E tudo isso gera uma descrença, um desânimo, uma resignação que não podemos aceitar. Sob pena de morrermos como cidadãos e como profissionais da educação. E de cavarmos, em definitivo, a nossa ruína moral e ética. Por isso, temos de reivindicar que os dias de futuro também têm de estar nas nossas mãos. Temos de exigir, na teoria e na prática, o nosso direito_dever de autoria de outro modo de vida.
* José Matias Alves é investigador, doutor em Educação e professor convidado da Universidade Católica Portuguesa.

Há quem não tenha telhados de vidro?
(Zé da Silva)

terça-feira, 13 de março de 2012

David e Golias 2

sábado, 10 de março de 2012

É bom não existir

(André Macedo - DN)

  • As esquadras não têm tinteiros para emitir certidões de acidentes e têm centenas de carros avariados à porta.
  • Os campos de ténis do Estádio do Jamor deixaram de ter manutenção.
  • Há universidades a dispensar professores às pazadas: de um momento para o outro, rua com eles.

Nenhuma área é poupada.

No início desta semana, depois de se saber que há um número invulgar de mortos este ano, faltaram compressas no Hospital Garcia de Orta. Compressas!
Um dia destes faltará Betadine, algodões, oxigénio.

Exemplos há muitos, com maior ou menor gravidade, e muito mais haveria se tentássemos averiguar o que está a acontecer em tudo o que depende do Estado para sobreviver e respirar.

Institutos e serviços públicos vazios, alas inteiras desertas, espaços sem vivalma onde há máquinas e aparelhos caros e recentes, todos eles desligados e em silêncio. Ganham pó.
É um cenário incrível que não é mais conhecido porque os poucos que ainda vegetam nestes sítios querem passar despercebidos. São fantasmas em cenários fantasmagóricos. Não querem chamar a atenção do ministro, do secretário de Estado, do diretor-geral, todos eles convertidos em comissários das Finanças. Estes milhares de pessoas querem tornar-se invisíveis. É essa a grande aspiração coletiva para 2012: não ser visto, não ser farejado, não ser contado, não existir.


segunda-feira, 5 de março de 2012

Admirável Mundo Novo

(JN)

Dois eticistas das universidades de Melbourne e Oxford defendem no "Journal of Medical Ethics" que matar recém-nascidos é eticamente justificável pelos mesmos motivos, incluindo motivos "sociais" e "económicos", por que se permite o aborto.

Gente respeitável como Peter Singer havia já admitido, em nome do mais radical neo-utilitarismo moral, o direito a matar recém-nascidos deficientes profundos cuja sobrevivência fosse expectavelmente origem de infelicidade para o próprio e família.

Ninguém tinha ido ao ponto (até os mais primários pós-benthamianos reconhecem, em geral, limites à mera aritmética do sofrimento-prazer e infelicidade-felicidade) de justificar a morte de bebés saudáveis com "os encargos sociais, psicológicos e económicos" que os pais suportariam com eles.


sábado, 3 de março de 2012

quinta-feira, 1 de março de 2012

Wordl Press Photo 2012