sábado, 28 de fevereiro de 2015

A mentira na política





A mentira na política.

por Luís Menezes Leitão, em 08.09.12

[...] um colega holandês: "Vocês, portugueses, são um povo católico, que é ensinado a tudo perdoar após a confissão dos pecados. Nós somos um povo protestante e por isso somos absolutamente intransigentes com a mentira. Um político que nos tenha mentido uma única vez que seja, por muitas qualidades que tenha, nunca é mais considerado como um político em que possamos confiar, pelo que a sua carreira política acabou".

[...]

Sócrates foi apanhado a mentir no Parlamento sobre o caso TVI e foi imediatamente desculpabilizado pelos seus deputados que diziam que se tivesse ocorrido não era grave. O inquérito parlamentar que então foi aberto, e que podia ditar a demissão de Sócrates, evitando o que ocorreu posteriormente, foi convenientemente encerrado com o acordo do PSD. E ficou provado que mentir compensa em Portugal.




O governo actual tem sido, porém, especialmente refinado na mentira política. Primeiro foram as juras em campanha eleitoral de Passos Coelho a prometer que não haveria aumentos de impostos nem cortes de subsídios. Agora é o anúncio de que uma subida da TSU para os trabalhadores, aliviando-a para os empresários, é para satisfazer a equidade reclamada pelo Tribunal Constitucional. O CDS faz coro na mentira dizendo que uma subida da TSU não é um aumento de impostos. E um vice-presidente do grupo parlamentar do PSD quer-nos convencer com isto de que a culpa da subida da TSU decidida pelo Governo é de um grupo de deputados socialistas que, exercendo as suas competências, solicitaram ao Tribunal Constitucional que declarasse a inconstitucionalidade de uma medida que toda a gente sabia ser inconstitucional.

Confesso que já não sei o que me espanta mais. Se o facto de se recorrer à mentira com esta facilidade, se o facto de isto ser feito de forma tão grosseira, julgando que os outros são parvos. Just try harder

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